Parte de um esquema de comércio ilegal de mercúrio no Brasil tem empresas de fachada, documentos falsos e contrabando. A substância é fundamental para o garimpo ilegal de ouro no país. Altamente tóxico, o metal é usado como uma espécie de ímã.
Ele atrai as partículas de ouro e as separa de impurezas. Ação conjunta da Polícia Federal e do Ibama desbaratou esta semana um esquema de comércio ilegal da substância.
A operação, que recebeu o nome de Hermes II, é desdobramento de uma primeira fase deflagrada em dezembro do ano passado. Foram bloqueados R$ 2,9 bilhões de bens dos investigados e apreendidos 6,5 kg da substância. Não há produção de mercúrio no Brasil.
Por isso, a substância é importada ou reciclada, obtida normalmente de lâmpadas fluorescentes. Para comercializá-lo, é preciso comunicar o Ibama e declarar sua finalidade, que pode ser a fabricação de cloro, o uso em laboratórios de pesquisas, em consultórios odontológicos, ou no garimpo.
Como o sistema é autodeclaratório, a investigação encontrou ao menos uma empresa de reciclagem que declarou obter uma quantidade superior àquela realmente obtida.
Essa quantidade declarada a mais gera um crédito para acobertar o mercúrio que entra no Brasil ilegalmente, como mostra o modus operandi do comércio ilegal da substância revelado pela PF e Ibama.
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